
Um estudo da consultoria GMattos mostrou que as apostas online tiveram papel relevante nas operações financeiras realizadas por meio do Pix no primeiro semestre de 2025. De todo o volume transacionado de pessoas para empresas no período, 15,3% foram destinados a casas de apostas, conhecidas como bets. No sentido inverso, os pagamentos de prêmios das operadoras para os usuários representaram 13,5% das transações de empresas para pessoas.
Segundo a GMattos, a relação entre o Pix e o crescimento das bets é resultado de uma coincidência temporal: as apostas esportivas foram legalizadas em 2018 e o sistema de pagamentos instantâneo começou a operar em 2020.
“O Pix não foi criado para ajudar as bets, mas acabou se tornando o meio de pagamento preferencial, pela instantaneidade e pela segurança”, explicou o consultor Gastão Mattos. O levantamento indica que praticamente todo o volume de apostas no país é movimentado via Pix.
Apesar de não serem publicadas informações consolidadas sobre as preferências dos jogadores, diferentes estudos oferecem uma luz no setor. No site da bet KTO, por exemplo, os jogos do tipo slots concentraram 93,9% das rodadas realizadas, seguidos pelos crash games (4,2%) e roletas (0,7%).
Entre os títulos com maior número de rodadas no cassino da bet, Fortune Tiger e Fortune Rabbit se destacaram, ambos com mais de 12% de participação. No ranking de popularidade, o jogo KTO Big Bass Splash liderou com 45,5%, à frente do “tigrinho” (34,8%) e do “coelhinho” (30,1%).
Esse tipo de jogo foi adicionado pelo governo federal à legislação que regulamentou as apostas no país. Segundo os critérios definidos, as plataformas licenciadas deverão pagar ao menos 85% do valor arrecadado em prêmios, e todos os jogos precisarão de certificação técnica autorizada pelo Ministério da Fazenda.
As regras também proíbem bônus enganosos e prêmios “misteriosos”, exigindo que o jogador seja informado sobre as probabilidades de ganho e os multiplicadores aplicados. As operações deverão ocorrer exclusivamente em ambiente digital, com sites registrados sob o domínio “.bet.br”.
Em outubro, o Ministério da Fazenda determinou a proibição de apostas online para beneficiários do Bolsa Família e do Benefício de Prestação Continuada (BPC). A medida visa evitar o uso de recursos públicos assistenciais em plataformas de apostas.
As bets deverão consultar os CPFs dos usuários para identificar vínculos com programas sociais. Caso sejam identificados beneficiários, as contas deverão ser encerradas em até três dias.
A decisão atende a determinação do STF após estudos do Banco Central indicarem que, em agosto de 2024, beneficiários do Bolsa Família gastaram cerca de R$ 3 bilhões com apostas via Pix.
O governo estabeleceu prazo de 30 dias para implementação completa das medidas de bloqueio pelas operadoras, que deverão comprovar a adequação de seus sistemas junto à Secretaria de Prêmios e Apostas.
Foto: Joédson Alves/Agência Brasil